A verdadeira infelicidade não é sofrer o mal e sim praticá-lo,

 pois esse mal fica registrado em nossa consciência.

 

Os marujos dizem que o navio está seguro enquanto estiver no porto – mas não foi para isso que os navios foram feitos. Assim são os filhos. Os pais almejam uma vida de realizações, de harmonia, de sucesso e de honestidade.

Alguns filhos decepcionam os pais, o cônjuge, os filhos e a sociedade, por exemplo quando conquistam algo que depois se mostra ter sido à custa dos outros ou através da desonestidade.

Desde pequenas decepções, corriqueiras, até as mais graves. Exemplo de pequena: quantas vezes você marca hora no médico e ele vai atender depois de uma, duas ou mais horas de atraso? Nas empresas isto é visto como prejuízo, quando uma reunião não começa no horário ou não termina no tempo determinado.

Coisa também decepcionante é quando você elege um candidato, fala dele incentivando outros a votarem, pela proposta e projeto administrativo e social, e depois descobre que o sujeito é corrupto ou mente fechada, fala e não pratica – nega, mente e é desonesto.

Entre essas autoridades que a população bota fé e tem confiança está a polícia. Vejamos o que o programa Fantástico apresentou: “Áudios revelam esquema de cobrança de propinas que levou 30 policiais do Paraná para a cadeia”. (1)

Uma quadrilha de trinta policiais suspeitos de ajudar contrabandistas vindos do Paraguai, agentes que, segundo as investigações, teriam faturado mais de R$ 10 milhões com propinas e venda das mercadorias apreendidas desviadas.

A região é conhecida pela entrada ilegal de perfumes, eletrônicos, armas, cigarros e drogas. Segundo o Ministério Público, quando havia apreensão de drogas, parte da carga também era desviada.

As investigações apontam que o capitão Rodrigo dos Santos Pereira, que era o comandante da quarta companhia da Polícia Rodoviária do Paraná, recebia pagamentos mensais para encobrir o esquema de corrupção e ajustar a escala dos patrulheiros no posto policial.

Espertinhos, para não levantar suspeitas, os policiais preenchiam os boletins de ocorrência com informações imprecisas sobre as apreensões. Sem a quantidade correta, apenas uma pequena parte do que era apreendido era apresentada à Receita Federal. Dois policiais chegaram a abrir uma loja para revender parte dos produtos eletrônicos desviados, a maioria era repassada a comerciantes receptadores da região.

O grupo tinha um esquema muito bem organizado de cobrança de propina, dependendo do tamanho do veículo e do que era transportado. Em uma das negociações gravadas com um contrabandista para a liberação de uma carga de cigarros, os policiais pediram 200 mil reais e o acerto ficou em 150 mil, com a garantia de escolta da carga com as próprias viaturas da polícia.

Ninguém constrói uma história sozinho, sempre encontramos pelo caminho parceiros, uns grandes amigos e outros grandes inimigos, que podem nos envergonhar e decepcionar.

 

Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo, diretor da Editora EME

(1) https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2021/08/08/audios-revelam-