A vida inteira as pessoas tentam te enlouquecer, te desrespeitar e te tratar mal. Deixe Deus cuidar disso, pois sentir ódio no coração também pode acabar te consumindo.

Will Smith

 

Diante do perdão, temos duas situações: aquele que se arrepende e muda, e aquele que apenas cultiva a culpa e o remorso. A escolha é sempre nossa.

Temos que considerar que o arrependimento sincero promove a renovação na pessoa e o desejo de ser melhor e não cometer mais os mesmos desatinos, gerando uma mudança notável em seu comportamento e vida.

De outra maneira, a culpa ou o remorso pelo ato praticado pode levar o indivíduo que infringiu sofrimento ao próximo a um estacionamento mental e emocional e a não fazer nada. Não tem coragem de fazer reparações e tem temor pelo mal que praticou, fica paralisado.

Quem tem o Cristo por mestre repensa sempre sua vida e reflete: perdoarei os que me ofendem, porque hoje compreendo melhor que muitas vezes ofendi os outros e também necessito ser perdoado, a começar por mim mesmo, perdoando-me das minhas ignorâncias e insanidades.

Um dia perguntaram a Gandhi se ele perdoou todas as ofensas de seus inimigos. Ele respondeu que não, pois nunca se sentiu ofendido por alguém, por isso ele não precisava perdoar ninguém.

E Jesus também não precisou perdoar. O jovem que não envelheceu, na cruz, dirigindo-se a Deus, disse: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. (Lucas 23:34)

Deus não julga e também não perdoa, o Pai aguarda, pacientemente, a nossa evolução submetidos às Suas sábias leis, que nos impulsionam ao progresso. Perdoar-se e não se sentir ofendido é o nosso começo de melhoria e cura espiritual. Peçamos a Ele essa bênção em nossa vida.

A hoje psicóloga com mais de 90 anos, Edith Eger, que sobreviveu ao holocausto de Auschwitz, explica que “eu não vivo em Auschwitz, mas não esqueço”.  E que parte dela ficou em Auschwitz, “mas não a melhor parte”.

E afirma que, para superar o passado, é preciso perdoar, “enquanto você tem raiva, não vive o presente, sobre o qual tem controle”.

E lembra uma experiência onde o presente reflete o passado: “Outro dia fui a um restaurante e percebi que andava sobre paralelepípedos. Imediatamente me vi no passado, com crianças cuspindo em nós e nos chamando de cães e porcos. Sinto pena daquelas crianças, que foram ensinadas a me odiar”.

E narra uma vitória do amor sobre as sombras: “Anos mais tarde acabei cuidando de famílias alemãs num hospital militar. Uma menina pulou no meu colo e me chamou de ‘vovó’. Veja só como da escuridão vem a luz”. (1)

Duas grandes almas que habitaram conosco essa terra ensinaram os benefícios do perdão, que é um ato de caridade e amor, o médium Chico Xavier, dizendo “cada boa ação que você pratica é uma luz que você acende, em torno dos próprios passos”, e o inventor Benjamin Franklin, “quando somos bons para os outros, somos ainda melhores para nós”.

 

Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo, diretor da Editora EME

(1) Mariane Morisawa, especial para O GLOBO em 06/05/2019.