Toda forma de dependência (vício) é ruim, não importa
que seja droga, álcool ou fanatismo (ideologia ou racismo).
Existe, sim, uma população marginalizada e que sofre um preconceito muito grande – são os dependentes químicos. Sejam os alcoolistas (chamados de “bêbados”) ou os adictos – dependentes de drogas (chamados de “drogados”, “maconheiros” etc.).
A maioria não os reconhece como doentes que precisam de tratamento médico e psicológico, além de ajuda moral e espiritual.
Equidade (empatia e oportunidades iguais para pessoas diferentes): alguém deveria acolher esses indivíduos com novas oportunidades de recolocação, por exemplo, contratação temporária em prefeituras e órgãos públicos, assim como os reeducandos das cadeias, quando deixam a prisão após cumprir sua pena. Não dá para colocar todos numa mesma caixa, como se estivessem prontos para serem embalados; precisam ser tratados diferentemente em função de suas desigualdades.
Nessa pandemia da covid-19 muitas pessoas se assustaram e começaram a tomar cuidados necessários para preservação da saúde, o que é bem louvável, uso de máscara, higiene com álcool em gel, manter distanciamento etc. Porém, os extremos surgem naturalmente demonstrando a incapacidade de tolerância, e o preconceito social e racial das pessoas se manifesta.
Numa pequena cidade, uma senhora bem-sucedida financeiramente, separada do esposo e com filhos, contratou uma doméstica. Estabeleceu como regra que, quando a colaboradora chegasse para o trabalho, deixasse os sapatos na varanda e usasse álcool em gel e um par de sandálias que havia adquirido especificamente para ela.
A outra regra era que fizesse suas necessidades fisiológicas em sua casa para não usar os banheiros da casa no trabalho. A doméstica aguentou por uma semana, mas teve infecção urinária. “Pode isso, Arnaldo?”
Um senhor idoso, por indicação de um amigo policial, contratou um casal para fazer pintura em grades e portão de entrada de sua residência. No meio do serviço, o moço sentiu necessidade de usar o sanitário. Sua parceira, então, solicitou ao proprietário para que o seu esposo entrasse e fizesse uso do banheiro.
A surpresa com a resposta foi estarrecedora.
– “Macaco” não usa meu banheiro!
É claro que o casal abandonou o serviço e nem quis receber pelo que já havia feito e não deixou de dizer algumas palavras duras e sinceras ao velho proprietário.
O importante não é receber, mas sim dar, ou seja, o melhor não é receber favor, mas sim prestar favores a quem precisa ou necessita no momento.
Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo, diretor da editora da Editora EME