Larguei de fumar há 20 anos. Hoje a fumaça me incomoda. Em trinta anos de cancerologia, perdi a conta de quantos vi morrer só porque fumavam.

Dráuzio Varella (1)

 

O conhecimento não ocupa espaço, estamos em constante evolução. O conhecimento proporciona poder para tomar decisão.

O cientista Albert Einstein, cuja alma era determinada pelo saber, declarou: “Não existem sonhos impossíveis para aqueles que realmente acreditam que o poder realizador reside no interior de cada ser humano. Sempre que alguém descobre esse poder, algo antes considerado impossível se torna realidade”.

O corpo deve ser controlado pela mente e ser um instrumento subordinado às nossas decisões. Algumas vezes algo silencioso é introduzido em nossa constituição física, assim como uma semente, cresce sem som, fica enorme e domina nossa vontade.

Assim é a iniciação nos vícios e nos entorpecentes, quase um suicídio indireto ou involuntário. Quando se principia, logo o engano diz: “Eu paro quando quiser”. O doutor Dráuzio Varella, em depoimento, também pergunta: “Por que eu demorei quase vinte anos para parar com o tabaco?”.

Por causa da síndrome da abstinência do fumo, a nicotina, que vicia, é um dos entorpecentes mais difíceis de se abandonar, é preciso de determinação.

A maioria, para não dizer a totalidade dos suicídios, é praticada pelas pessoas que não conseguiram despertar em si a fé – tanto em si quanto, principalmente, num Poder Superior, e numa vida além da matéria. Os fumantes podem até acreditar na vida pós-morte, mas não acreditam que será logo ou que o cigarro causará tantos danos.

O cigarro é uma droga que causa dezenas de doenças, inclusive 90% dos cânceres de pulmão; quando aliado ao álcool, 100% dos cânceres de boca. O uso de outras drogas declina com a idade, o mesmo não acontecendo com o tabaco. Estima-se que 60% daqueles que fumam por mais de 6 semanas continuam fumando por mais 30 anos.

Conhecer as coisas é muito importante. Um amigo médico e escritor nos contou sua experiência: fumou desde os 12 anos de idade e depois de muitos anos, começou a sentir o fenômeno de sair do corpo. Antes de procurar um psiquiatra foi verificar na literatura do que se tratava e descobriu que estava fazendo um desdobramento espiritual e se tornou espírita.

Também professor, nosso amigo continuava fumando e sentia uma situação constrangedora depois da aula ou de uma palestra sair para fumar, necessidade de andar com o cigarro no bolso para sentir-se seguro. Pensava em parar, mas logo vinham os pensamentos: “Como fazer sem o primeiro cigarro, que é o mais gostoso da manhã, como não fumar depois de um cafezinho ou da refeição?”, e colocava uma barreira em sua frente para desistir do hábito, até que decidiu usar a técnica do AA (Alcoólicos anônimos): “Só por hoje não vou beber”.

Só por hoje não vou fumar.

Levantou disposto a não fumar naquele dia, antes de sair do quarto fez uma sentida oração, agradecendo à vida e pedindo forças a Deus e ao seu anjo da guarda. Veio muitas vezes o pensamento de fumar e, quando a noite chegou, sem ter fumado, apesar do desejo, antes de repousar orou novamente agradecendo a vitória do primeiro dia e pediu ajuda espiritual – que lhe propiciasse serenidade e diminuísse a vontade, a fissura.

Ficou bem usando a técnica do AA, uma semana, um mês, e nunca mais fumou.

 

Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é editor da Editora EME

(1) Dráuzio Varella – Jornal Bom Dia – Bauru-SP – 07/07/2007